A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Lílian Carini Dias Pupile Monteiro¹
RESUMO: Este artigo busca salientar a
importância do brincar na educação infantil, visando a reflexão por
parte dos educadores sobre como essa atividade ajuda no desenvolvimento
das crianças, como também contribui para construir conhecimentos,
podendo também ser entendido, como o momento em que a criança expressa
seus sentimentos e aceitando o outro como tal. É na brincadeira que a
criança aprende a lidar com os sentimentos, a interagir com outras
crianças e adultos, aprende regras, resolve conflitos e também
desenvolve a imaginação e a criatividade. No primeiro momento será
enfatizado o conceito de criança e como esse termo tem mudado com o
tempo, trazendo uma nova concepção para se refletir sobre como melhor
trabalhar com essas crianças. Em seguida foi colocado o conceito de
educar, trazendo importantes considerações de como isso deve acontecer
dentro da instituição de educação infantil, sendo que essa prática deve
estar simultaneamente trabalhada junto ao cuidar. O conceito de brincar
vem enfatizando como essa atividade é importante para o desenvolvimento
da criança e como também deve estar presente no dia-a-dia das salas da
educação infantil e a seguir a importância que a educação infantil tem
no desenvolvimento da criança, como um alicerce para sua vida escolar
posterior, considerando que é nessa etapa que ela amplia seu universo. E
por fim será tratado a inter-relação desses conceitos visando a
aprendizagem e o desenvolvimento infantil através do brincar
evidenciando que a ludicidade além de dar prazer a criança aprende com
mais facilidade. Assim propondo a busca de novas perspectivas para uma
prática docente de qualidade.
ABSTRACT: This
article aims to stress the importance of play in early childhood
education, aiming at the reflection from educators about how this
activity helps in the development of children, but also contributes to
building knowledge and can also be understood as the moment when the
child expresses his feelings and accepting the other as such. It's a
joke that the child learns to cope with feelings, to interact with other
children and adults, learn rules, resolve conflicts and also develops
imagination and creativity. At first there will be emphasized the
concept of child and how that term has changed over time, bringing a new
design to reflect on how best to work with these children. Next was
added the concept of educating, providing important considerations of
how this should happen within the institution of early childhood
education, and this practice should be discussed with both the care. The
concept of play has emphasized how this activity is important for child
development and how must also be present on the day-to-day of
kindergarten classrooms and then the importance of early childhood
education has on children's development as a foundation for their later
school life, considering that at this stage is that it expands its
universe. And finally will be treated the interrelationship of these
concepts aimed at learning and child development through play
playfulness showing that in addition to pleasure the child learns more
easily. So proposing to explore new perspectives for a quality teaching
practice.
Palavras–chave: Criança, Brincar, Aprendizagem.
Keywords: Child, Playing, Learning.
¹
Educadora: Lilian Carini Dias Pupile Monteiro graduada em Letras pela
UFMS, especializada em Educação Especial, Educação Infantil e Series
Iniciais e especializando em Psicopedagogia.
INTRODUÇÃO
Este
artigo vem discutir a importância do brincar na educação infantil
relatando os dados obtidos pela pesquisa bibliográfica na qual visa
proporcionar a reflexão sobre o assunto.
É
um tema muito estudado e pesquisado e que tem conquistado seu espaço
nas instituições de ensino, pois seu uso traz conhecimento,
desenvolvimento e aprendizagem à criança. Nesse sentido é que se faz
necessário este trabalho para que se possa analisar como essa pratica
esta sendo trabalhada na educação infantil. Já que sabemos que o brincar
traz para a criança prazer, desenvolvimento da identidade e autonomia,
que são elementos constituintes do desenvolvimento das estruturas do
comportamento em formação.
Mesmo tendo adquirido um espaço notável e significativo, o brincar
muitas vezes ainda precisa ser tratado com mais seriedade e importância
pelos professores. Assim essa pesquisa ira mostrar a importância que o
lúdico tem para o bom desenvolvimento das crianças e posteriormente do
adulto. Será organizado perguntas sobre o brincar dentro da educação
infantil, para aferir o conhecimento que os professores têm sobre o tema
e como organizam sua pratica relacionado ao brincar.
A presente pesquisa se justifica pela necessidade de se entender e de
contribuir para uma pratica docente que atenda as propostas imposta por
uma educação mais dinâmica, prazerosa e que atenda as necessidades das
crianças em cada fase de seu desenvolvimento. Para seu aprendizado e
desenvolvimento pessoal, cultural e social e contribuindo para a
socialização, comunicação, expressão e construção do pensamento.
Assim vamos evidenciar o quanto o brincar faz parte da vida da criança e a importância no seu desenvolvimento.
1. CONCEITO DE CRIANÇA
São
muitas as formas de conceituar o termo criança, diante disso será
explicitado alguns termos que se refere a esse conceito como forma de
explanar e fazer refletir sobre tal assunto.
De
acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
(RCNEI, 1998, vol. 1 p.21) “a concepção de criança é uma noção
historicamente construída e consequentemente vem mudando ao longo dos
tempos, não se apresentando de forma homogênea nem mesmo no interior de
uma mesma sociedade e época”. Dessa forma dentro de uma cidade pode
haver varias formas de considerar as crianças, podendo levar em
consideração tanto a classe social e o grupo étnico que pertencem.
Ainda baseado no Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998):
A
criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz
parte de uma organização familiar que esta inserida em uma sociedade,
com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É
profundamente marcada pelo meio social, mas também o marca. (RCNEI,
1998, vol. 1, p. 21).
Nos
seus primeiros anos de vida, a criança ainda não tem noção de que é uma
pessoa única e que as outras crianças também são únicas, acreditando
que o mundo gira em torno dela e de suas necessidades. Mas no decorrer
do tempo, ela vai percebendo que existe o outro nesse espaço e que às
vezes terá que disputar esse espaço.
Por
possuírem uma natureza singular as crianças sentem e pensam o mundo de
uma forma muito próprio. Em contato com as pessoas que lhes estão
próximas e com o meio em que vivem, elas demonstram sua vontade para
compreender o mundo que as cercam, as relações contraditórias que
vivenciam e é por intermédio das brincadeiras que tornam claro as
condições de vida a que estão sujeitas e seus anseios e desejos. No
decorrer da construção do conhecimento, elas se apropriam de diversas
linguagens e executam a capacidade que usufruem de terem idéias e
hipóteses originais a respeito daquilo que procuram revelar. Dessa
forma, as crianças constroem o conhecimento partindo da relação que tem
com as pessoas e com o meio em que esta inserida.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2009, p.6-7) define a criança como:
Centro
do planejamento curricular é sujeito histórico e de direitos que se
desenvolve nas interações, relações e praticas cotidianas a ela
disponibilizadas e por ela estabelecidas com adultos e crianças de
diferentes idades nos grupos e contextos culturais nos quais se insere.
Nessas condições ela faz amizades, brinca com água ou terra,
faz-de-conta, deseja aprende, observa, conversa, experimenta, questiona,
constrói sentidos sobre o mundo e suas identidades pessoal e coletiva,
produzindo cultura. ( Parecer CNE/CEB n° 20/2009 p. 19).
Segundo MRECH (1998, p.156):
A
história ajuda-nos a compreender esse fenômeno de espelhos que intervém
entre o adulto e a criança; eles refletem-se como dois espelhos
colocados indefinidamente um diante do outro. A criança é o que
acreditamos que ela seja o reflexo do que queremos que ela seja. Só a
história pode fazer-nos sentir até que ponto somos criadores da
“mentalidade infantil”. Em parte alguma a tomada de consciência é tão
difícil quanto se trata de nós, e o fenômeno nos escapa quase sempre
quando estamos diretamente implicados na situação. Através da história e
da etnografia compreendemos a pressão que fazemos pesar sobre a
criança.
Nesse
sentido, a Psicanálise coloca ser fundamental que a palavra e o brincar
da criança sejam resgatados em toda sua autenticidade. Para que ela
própria fale o que pensa, o que sente como percebe o mundo à sua volta,
para que o adulto não deduza o que ela pensa e age. Quando compreendemos
a criança, passamos a entender melhor a nós mesmo, a nossa cultura, a
época que vivemos e também como podemos contribuir para as
transformações.
Kramer (1999) coloca que:
As
crianças são seres sociais, têm uma história, pertencem a uma classe
social, estabelecem relações segundo seu contexto de origem, tem uma
linguagem, ocupam um espaço geográfico e são valorizadas de acordo com
os padrões de seu contexto familiar e com a sua própria inserção nesse
contexto. Elas são pessoas, enraizadas num todo social que as envolve e
que nelas imprime padrões de autoridade, linguagem e costumes.
Nessa
concepção de criança, como cidadãos de pouca idade sujeitos sociais e
históricos, criadores de cultura, Kramer (1999) acredita que é preciso
atuar para favorecer o seu crescimento e constituição, procurando meios
para que a educação infantil considere o saber das crianças e proponha
atividades significativas, onde tanto os adultos como as crianças tenham
experiências culturais diversas, em espaços de socialização que se
difere.
Diante
disso foi visto que o conceito de criança vem se modificando desde a
antiguidade, mas mesmo assim esse conceito varia dependendo de vários
fatores, tanto culturais, étnicos dentre outros, mas se vê que é preciso
entender que a criança é um ser social e que pensa, e age como qualquer
ser humano e é preciso entender e respeitar seus limites e desejos.
2. CONCEITO DE EDUCAR
O
conceito de educar que se colocara aqui é aquele educar que esta
simultaneamente ligada também ao cuidar, ou seja, que caminham juntos
sem fazer separação, buscando atender as crianças da melhor maneira,
aceitando cada uma com seus anseios e limites. Assim seguira alguns
conceitos para se refletir.
O Referencial Curricular para Educação Infantil (1998, vol. 1, p. 23) explicita que:
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados,
brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam
contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação
interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de
aceitação, respeito e confiança e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social a cultural. (RCNEI, 1998, p.23)
Desta
forma, neste segmento a educação possibilitara o auxilio no
desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das
potencialidades corporais e éticas, na perspectiva de auxiliar na
formação de crianças felizes e saudáveis.
Sob
essa visão, muitos estudos tanto nacionais e internacionais, têm
discutido como as instituições de educação infantil devem aderir de
forma integrada as funções de educar e cuidar. Disponibilizando assim
para todas as crianças que freqüentam a instituição de educação infantil
elementos da cultura que enriquecem o seu desenvolvimento e inserção
social.
Como
o cuidar dentro da instituição infantil faz parte do educar, seu
significado torna-se “valorizar e ajudar a desenvolver capacidades”.
Assim, “cuidar da criança é, sobretudo dar atenção a ela como pessoa que
esta num continuo crescimento e desenvolvimento, compreendendo sua
singularidade, identificando e respondendo as suas necessidades”.
( RCNEI, 1998, vol. 1, p. 24-25)
A
educação infantil no tocante a criança bem pequena que ainda não
consegue cuidar de si, que ainda precisa do professor para esse cuidado,
tem como função relacionar simultaneamente o cuidar e o educar. As
atividades educativas se forem bem planejadas contribuirá para a
formação de competências para a criança aprender a cuidar de si. “Educar
cuidando inclui acolher, garantir a segurança, mas também alimentar a
curiosidade, a ludicidade e a expressividade infantil”. (PARECER CNE/CEB
N° 20/2009, P.10).
Educar
e cuidar de forma simultânea instiga as crianças a explorarem o
ambiente de diversas maneiras (manipulando materiais da natureza ou
objetos, observando, nomeando objetos, pessoas ou situações, fazendo
perguntas etc.) e construírem sentidos pessoais e significados
coletivos, à medida que vão se constituindo como sujeitos e se
apropriando de um modo singular das formas culturais de agir, sentir e
pensar. Dessa forma o professor deve ter sensibilidade e delicadeza,
para lidar com as crianças, dando atenção especial atendendo as
necessidades que identifica nas crianças.
3. CONCEITO DE BRINCAR
Hoje
em algumas sociedades como as ocidentais, quando se fala em criança e
nos seus cuidados logo o que se aponta é o brincar. Pois aceitar a
brincadeira como parte da infância é o resultado de uma visão social, em
que o brincar é inato, ligado à natureza da criança.
Dessa
maneira a concepção de educação da criança que se associa a certa forma
de brincar, se origina nas concepções românticas de homem e educação,
contribuindo para distinguir a criança e o adulto e seus direitos e
deveres.
Só
depois do rompimento do pensamento romântico é que se valorizou a
brincadeira como é vista hoje ganhando espaço na educação das crianças
pequenas.
Brincar
deve ser considerado a principal atividade infantil, pois é brincando
que ela entra em contato com o meio e com outras crianças. Nesse
processo ela interage e experimenta diversas atividades que são de suma
importância para o desenvolvimento das estruturas do comportamento em
formação.
“Brincar
é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e
da autonomia”. As maneiras como as crianças se comunicam desde pequenas
através de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na
brincadeira, propicia o desenvolvimento da sua imaginação. É nas
brincadeiras que as crianças geralmente desenvolvem algumas capacidades
importantes, como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação.
“Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da
interação e da utilização e experimentação de regras e papeis sociais”.
(RCNEI, 1998, vol. 2, p. 22).
Oliveira
(2011) evidencia que “ao brincar, afeto, motricidade, linguagem,
percepção, representação, memória e outras funções cognitivas estão
profundamente interligadas”. A brincadeira propicia o equilíbrio afetivo
da criança e favorece para o processo de apropriação dos signos
sociais. Promove condições para uma transformação significativa da
consciência infantil, pois exige da criança maneiras mais complexa de se
relacionar com o mundo.
“O
brincar numa perspectiva sociocultural, define-se por uma maneira que
as crianças têm para interpretar e assimilar o mundo, os objetos, a
cultura, as relações e os afetos das pessoas”. Desse modo tornado-se
parte integrante da infância experimentando o mundo do adulto sem uma
maior responsabilidade. (WAJSKOP, 1994, p.66).
KISHIMOTO, 1998 p. 68 coloca que:
[...]
A brincadeira é a atividade espiritual mais pura do homem neste estagio
e, ao mesmo tempo, típica da vida humana enquanto um todo – da vida
natural interna no homem e de todas as coisas. Ela dá alegria,
liberdade, contentamento, descanso externo e interno, paz com o mundo...
a criança que brinca sempre, com determinação auto-ativa, perseverando,
esquecendo sua fadiga física, pode certamente tornar-se um homem
determinado, capaz de auto-sacrificio para a promoção do seu bem e dos
outros... Como sempre indicamos, o brincar em qualquer tempo não é
trivial, é altamente sério e de profunda significação. ( KISHIMOTO,
1998, p. 68).
Brincar
é uma necessidade da criança para que se desenvolva em todos os
aspectos, é no brincar que ela aprende a pensar, melhorando seu
raciocínio, cria contatos sociais, entende o mundo à sua volta, progride
em suas habilidades, conhecimentos e criatividade, além de muitos
outros benefícios que trás para sua vida.
4. IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
A
criança é um ser humano como qualquer outro e sua natureza é única, ela
tem vontades, pensa, age e tem suas limitações e procura entender e
compreender o mundo de sua maneira e o educador deve respeitar e
procurar trabalhar de forma que atenda a essas necessidades.
A
Constituição de 1988 concretizou o atendimento em creches e pré-escolas
como direito social da criança, reconhecendo a Educação Infantil como
dever do Estado com a Educação. A partir desse ordenamento legal é que
creches e pré-escolas passaram a construir nova identidade na busca de
superação de posições antagônicas e fragmentadas, sejam elas
assistencialistas ou pautadas em uma perspectiva preparatória a etapas
posteriores de escolarização. ( PARECER CNE/CEB N. 20/2009).
No Parecer CNE/CEB N°: 20/2009 em seu Art. 5° assim estabelece:
A
educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, é oferecida em
creches e pré-escolas, as quais se caracterizam como espaços
institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos
educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a
5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial,
regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e
submetidos a controle social. ( PARECER CNE/CEB N°: 20/2009).
Também
em seu Art. 4° evidencia que as propostas pedagógicas da Educação
Infantil, o centro do planejamento curricular é a criança e que a mesma é
sujeito histórico e de direitos e quando interage, se relaciona em suas
praticas cotidianas, ela constrói sua identidade pessoal e coletiva,
brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra,
questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade,
produzindo cultura.
Para
Kramer (1999) “a educação infantil tem papel social importante no
desenvolvimento humano e social”. Segundo a autora em um estudo
realizado na Grã-Bretanha, Estados Unidos e América Latina, onde foi
pesquisado os efeitos relacionados a freqüência na educação infantil,
para posteriores resultados escolares onde Campos (1997) resumiu que as
crianças que freqüentam a educação infantil tem maior desenvolvimento
na escolaridade formal.
Segundo
Oliveira (2011, p.35) “a educação de crianças de 0 a 5 anos em creches e
pré-escolas tem sido vista, cada vez mais, como um investimento
necessário para seu desenvolvimento desde os primeiros meses até a idade
de ingresso na escolarização obrigatória”. Portanto é preciso se pensar
e dar a devida importância no que essa autora coloca, pois é na
educação infantil que se inicia o alicerce para um bom desenvolvimento
escolar.
No
Referencial Curricular para Educação Infantil (1998, vol. 1, p. 47) nos
coloca que apesar das crianças desenvolverem suas capacidades de modo
heterogêneo, a educação tem por finalidade “criar condições para o
desenvolvimento integral de todas as crianças, considerando, também as
possibilidades de aprendizagens que apresentam nas diferentes faixas
etárias”. Dessa maneira é preciso uma atuação que oportunize o
desenvolvimento de capacidades abrangendo as de ordem física, afetiva,
cognitiva, ética, estética, de relação interpessoal e inserção social.
Quando
a criança entra na instituição de educação infantil, é esperado que ela
amplie seu universo inicial, considerando a convivência com outras
crianças e com adultos de origens e hábitos culturais diversos, de
aprender novas brincadeiras, de adquirir conhecimentos sobre realidades
distantes. Também percebe a si e os outros como diferentes,
possibilitando que possam acionar seus próprios recursos, representando
de modo o desenvolvimento da autonomia. (RCNEI, 1998, vol. 2, p. 14)
Autonomia
considerada como a capacidade de se conduzir e tomar decisões por si
próprias, levando em conta regras, valores, sua perspectiva pessoal, e a
perspectiva do outro, é, assim uma meta a ser alcançada com as
crianças, um principio das ações educativas. Considerar a educação
direcionada à autonomia, significa conceber as crianças como seres com
vontades própria, capazes e competentes para construir conhecimentos, e,
dentro de suas possibilidades, interferir no meio em que vive. (RCNEI
1998, vol.2, p. 14).
Oliveira
(2011, p. 82) coloca que os objetivos esperados a serem alcançados pela
educação infantil relacionado ao desenvolvimento da criança são nos
aspecto corporal, intelectual e afetivo, a aprendizagem de diferentes
meios expressivos e o preparo para a escola elementar.
Ainda
segundo a autora, as crianças que recebem um atendimento de qualidade
nessas instituições têm um maior desenvolvimento de raciocínio, e a
capacidade de resolver problemas, são mais cooperativas e ligadas ao
outro e também adquirir a confiança em si se torna mais significativa. E
esses resultados positivos interferem de forma positiva à aprendizagem
escolar favorecendo seus posteriores estudos.
Segundo
Bittar, Silva e Motta (2003, p.36-38) na segunda metade de 1980, foram
feitos vários movimentos sociais visando à inserção da nova Carta
Constitucional que seria elabora. E com a educação infantil aconteceu o
mesmo processo, com movimentos onde se colocava a importância da
infância como um momento único no desenvolvimento da criança. E através
desses movimentos outros foram feitos para assegurar um tratamento
diferenciado a todas as crianças. Vários fóruns foram criados em todos
os estados da federação. Em Mato Grosso do Sul, o documento intitulado
“Temos o dever de participar da Constituinte” destacava:
[...]
não é a pré-escola que vai fazer uma nova sociedade, mas ela se
inscreve no contexto da luta pela nova sociedade: ela busca formar o
cidadão, o homem autentico, autônomo, lutador, autoconfiante. Como?
Desenvolvendo na criança - num período em que ela é aberta para isso – a
capacidade de observação, e percepção, a confiança nas próprias
capacidades, as atitudes de convivência, participação, companheirismo e
colaboração, a disponibilidade pra servir, a capacidade para exigir de
si e dos outros o máximo que tem direito. (1986, p. 14).
Diante
disso é possível observar como a educação infantil traz para a criança
benefícios em sua vida quando pequena e posteriormente em sua vida
adulta.
5. A INTER-RELAÇÃO DE CRIANÇA, EDUCAR, BRINCAR E EDUCAÇÃO INFANTIL VISANDO A APRENDIZAGEM E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA.
É
preciso fazer a inter-relação de criança, brincar, educar e educação
infantil para que se possa perceber o quanto um depende do outro e no
que interfere para o desenvolvimento da criança e posteriormente de um
adulto.
Para
que as crianças exerçam sua capacidade de criar é importante que haja
riqueza e diversidade nas experiências que lhes são oferecidas nas
instituições, mesmos essas sendo voltadas às brincadeiras ou às
aprendizagens que acontecem por intervenção direta.
“A
brincadeira é uma linguagem que mantém um vinculo essencial com aquilo
que é o “não-brincar””. Dessa forma a brincadeira é uma ação que ocorre
no plano da imaginação, isto é, aquele que brinca tem domínio sobre a
linguagem simbólica. Portanto é preciso ter a consciência da diferença
existente na brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu
conteúdo para realizar-se. (RCNEI, 1998, vol.1, p. 27)
Wajskop
(1994, p.66) diz que com relação ao desenvolvimento da criança, a
brincadeira traz vantagens sociais, cognitivas e afetivas de maneira que
segundo Vygotsky (1984, p.117) é ai que a criança:
[...]
sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de
seu comportamento diário: no brinquedo é como se ela fosse maior do que
é na realidade... o brinquedo fornece estrutura básica para mudanças
das necessidades e da consciência. A ação na esfera imaginativa, numa
situação imaginária, a criação das intenções voluntárias e a formação
dos planos de vida real e motivações volitivas, tudo aparece no
brinquedo, que se constitui no mais alto nível de desenvolvimento
pré-escola. (VYGOTISKY, 1984, p. 117).
Assim
segundo Wajskop (1994, p.67) é na brincadeira que as crianças levantam
hipóteses tentando resolver os problemas que são a elas propostos e os
quais elas convivem em seu meio. Também é no brincar que desenvolvem sua
imaginação, construindo relações reais entre elas e também formam
regras de organização e convivência. É onde elas constroem a consciência
da realidade, e simultaneamente já vivenciam a possibilidade de
modificá-la.
Para
Kishimoto (2009) numa entrevista dada sobre Brinquedos educativos, ela
explicita que a criança aprende pelo brincar quando, por exemplo, pula
corda e aprende outras maneiras de pular, com outras crianças ou no
ritmo de uma cantiga. Desse modo a criança aprende varias habilidades
relacionadas à própria brincadeira. Podendo aprender quando utiliza
outras regras quando brinca com outras crianças também.
Ainda nesse sentido do aprender pelo brincar Kishimoto na mesma entrevista cita:
O
brincar é importante para a criança expressar significações simbólicas.
Pelo brincar a criança aprende a simbolizar. Ao assumir papeis, ao usar
objetos com outras finalidades para expressar significações, a criança
entra no processo simbólico. O brincar auxilia o desenvolvimento
simbólico. Mas não se trata de entender o símbolo como exercício ou
cópia de letras e números em praticas de uso do brinquedo no ensino
formal. A criança, ao brincar de fazer compras no mercado, desenvolve a
linguagem verbal e quando dispõem de um ambiente preparado, com
embalagens de caixas de mantimentos, refrigerantes com rótulos que
indicam o nome dos produtos, e utiliza dinheiro que constrói como moeda
de troca, vai penetrando no mundo letrado e gradativamente avançado no
processo de simbolização, conhecido como emergência no letramento. (
KISHIMOTO, 2009).
A
autora deixa evidente a importância do brincar para a formação no
processo de simbolização da criança, pois em contato com objetos e
também quando a criança assume papéis para expressar algum significado,
ela entra no processo simbólico. Para ela a brincadeira sendo atividade
principal da infância, tendo em vista as condições concretas da vida das
crianças, pode ser considerada como uma forma de aprendizagem. Podendo
ser também o espaço privilegiado onde se inicia a formação de seus
processos de imaginação ativa e onde elas se apropriam das funções e das
normas de comportamentos sociais.
Diante
disso, Vygotsky (1984) considera que a brincadeira cria na criança uma
“zona de desenvolvimento proximal”, que tem por significado a distancia
entre o nível atual de desenvolvimento, resultante da capacidade de
resolver independentemente um problema, e o nível de desenvolvimento
potencial, conseqüente pela resolução de um problema sob a orientação de
um adulto ou alguém mais capaz. (WASJKOP, 1994, p. 68).
É nesse
momento que entra o professor, na instituição de educação infantil para
ajudar a estruturar o campo das brincadeiras na vida das crianças.
Organizando a base estrutural oferecendo as crianças objetos, fantasias,
brinquedos ou jogos, delimitando e administra o espaço e o tempo de
brincar. (RCNEI, 1998, p. 28).
Os
professores podem observar e construir uma visão dos processos de
desenvolvimento das crianças num todo ou individualmente, registrando
suas capacidades de uso das linguagens, bem como suas capacidades
sociais e dos recursos afetivos e emocionais, através das brincadeiras.
Ainda segundo o Referencial Curricular para Educação Infantil (1998) é
importante que o professor faça essa intervenção para que:
as
crianças possam, em situações de interação social ou sozinhas, ampliar
suas capacidades de apropriação dos conceitos, dos códigos sociais e das
diferentes linguagens, por meio da expressão e comunicação de
sentimentos e idéias, da experimentação, da reflexão, da elaboração de
perguntas e respostas, da construção de objetos e brinquedos etc. Para
isso, o professor deve conhecer e considerar as singularidades das
crianças de diferentes idades, assim como a diversidade de hábitos,
costumes, valores, crenças, etnias etc. das crianças com as quais
trabalha respeitando suas diferenças e ampliando suas pautas de
socialização. Nessa perspectiva, o professor é mediador entre as
crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços
e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades
afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus
conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos
de conhecimento humano. Na instituição de educação infantil o professor
constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente, por excelência,
cuja função é propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável
e não discriminatório de experiências educativas e sociais variadas. (
RCNEI,1998, p. 30).
Também
no Parecer (CNE/CEB N°20/2009 p. 7) que o professor junto com as
experiências adquiridas com as crianças, tem a rica oportunidade de se
desenvolver como pessoa e como profissional. As atividades de brincar
que o professor realiza com a criança, contando historias, ou mesmo em
suas conversas sobre vários assuntos, propicia o desenvolvimento da
capacidade infantil de conhecer o mundo e a si, de sua autoconfiança e a
formação de motivos e interesses pessoais, como também possibilita o
professor compreender e responder às iniciativas infantis.
Ainda
neste mesmo Parecer é colocado que uma atividade muito importante para a
criança é a brincadeira. Pois é o brincar que oportuniza a imitação do
conhecido e também para construir o novo, na medida em que ela
reconstrói o cenário necessário para que sua fantasia se aproxime ou se
distancie da realidade vivida, assumindo personagens e transformando
objetos pelo uso que deles faz. (PARECER CNE/CEB N. 20/2009, p. 7).
Rojas
(2007) enfatiza que as práticas lúdicas propicia subsídios para se
compreender a brincadeira como ação livre da criança, como dos dons,
objetos. Se tornando elementos importantes na ação docente, podendo
enriquecer o trabalho pedagógico, tornado possível a aquisição de
habilidades e conhecimentos, fundamentando assim, os jogos educativos.
Quando
as situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo adulto com
vistas a estimular certos tipos de aprendizagem, surge a dimensão
educativa. Desde que mantidas as condições para expressão do jogo, ou
seja, a ação intencional da criança para brincar, o educador está
potencializando as situações de aprendizagem. Utilizar o jogo na
Educação Infantil significa transportar para o campo do
ensino-aprendizagem condições para maximizar a construção do
conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer, da
capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora. (KISHIMOTO, 1999,
p.36-37).
Contudo,
Rojas (2007, p. 54) ainda salienta que em grande parte o que se percebe
é que a escolarização da criança afasta essa importante fase do brincar
levando a seriedade ao cotidiano da criança. E o que se vê é que as
propostas da Educação Infantil são dividas em escola elementar que
procura utilizar o método em que da importância à escolarização e a que
se preocupa em incorporar as brincadeiras como forma de aprendizagem,
valorizando a socialização e a re-criaçao de experiências.
Com
base na idéia de que o brincar traz importantes significados para a
criança, pressupõe-se que as atividades lúdicas tornam possível o
estabelecimento de relações entre objetos culturais e a natureza,
vinculadas pelo mundo espiritual. E compreende o brincar como atividade
livre, espontânea e criativa, responsável pelo desenvolvimento físico,
moral e cognitivo, onde os brinquedos contribuem para essas atividades
infantis.
Ainda
Rojas (2007, p.42), afirma que o lúdico é à base de toda a atividade da
Educação da Infância, motivando a criança podendo originar processos de
aprendizagens importantes, fonte de descoberta e prazer. A ludicidade é
a ação voluntária em trabalhar, realizando a comunicação entre a
fantasia, o brincar e o real. Nas atividades lúdicas a criança descobre o
equilíbrio entre o mundo real e o imaginário, nutre sua vida interior e
descobre o sentido de ser no mundo.
CONCLUSÃO
Esse
artigo teve a pretensão de propiciar a reflexão sobre a importância
das atividades lúdicas na educação infantil, fazendo um embasamento
teórico, onde foi exposto o quanto o brincar e suas implicações tem
papel fundamental para o desenvolvimento integral da criança, pois é no
brincar que ela se desenvolve em todos os aspectos.
É preciso que o professor perceba essa importância do brincar para que
em sua prática essa atividade esteja presente na sala de aula todos os
dias, para que as crianças se desenvolvam de forma prazerosa e
significativa. Para que a educação infantil a cada dia tenha mais
qualidade e que possa ir de encontro com as necessidades das crianças.
No
desenvolvimento do artigo foram colocados os conceitos de criança,
educar, brincar e educação infantil onde se pode perceber uma relação
intrínseca entre eles no desenvolvimento e aprendizagem da criança. É
preciso que a criança brinque, pois assim ela consegue expressar seus
sentimentos, através do faz-de-conta ela consegue lidar com seus medos e
angustias sem que seja reprovada por outra pessoa, expressando sua
criatividade e desenvolvendo sua personalidade.
Dessa
maneira foi possível através dessa pesquisa compreender como o brincar
faz parte da vida da criança e quanto é significativo para ela na
construção e compreensão do seu conhecimento para mais tarde torna-se
um adulto capaz de desenvolver suas atitudes criticas como cidadão.
Para
que essa prática de educação se efetive é preciso que o professor antes
de tudo queira isso e que tenha consciência de sua importância. Mas
também é preciso muita criatividade, esforço, e estudo, para que
facilite as crianças uma aprendizagem através de brincadeiras e jogos.
Logo,
o brincar é uma atividade que dá prazer e também desenvolve a
criatividade e é, portanto preciso resgatar essa brincadeira tanto nas
salas de aula, como na vida das pessoas. Desta maneira fica aqui um
estudo onde se pode refletir sobre como o professor deve organizar seu
trabalho para uma pratica na educação infantil que realmente faça a
diferença na vida das crianças e também na vida do profissional.
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