RESUMO:
O presente artigo trata da preocupação dos professores com dois
aspectos da produção escrita: a ortografia e a função comunicativa. Fala também
da necessidade de ampliar o repertório de gêneros textuais de texto, levando os
alunos a uma maior capacidade dialógica e de atuação social.
Palavras
chave: produção, ortografia, gêneros textuais, comunicação.
Ao propor atividades de escrita de textos pelos alunos, os
professores geralmente focam o seu olhar nas dissidências às regras
ortográficas e de pontuação do texto, de modo à utilizá-las para realizar
tarefas posteriores, com o intuito de sanar esses desvios da norma
padrão.Segundo Val (2006, p. 108) "A ortografia e a pontuação nada têm a ver
com a essência, a substância do texto, com o texto em si. Têm a ver apenas com a
maneira de representá-lo através do código escrito".Essa preocupação do
docente se relaciona com a higienização da escrita, a considerada operação
limpeza que, apesar de importante, não deve orientar o trabalho de produção
textual. Morais (2007, p. 18) afirma que:[...] a competência textual do aluno é
confundida com seu rendimento ortográfico: deixando-se impressionar pelos erros
que o aprendiz comete, muitos professores ignoram os avanços que ele apresenta
em sua capacidade de compor textos. (grifo do autor)Muitas vezes, por conta
dessa visão higienista da escrita, os professores deixam em segundo plano o que
seria o que seria de mais urgência: ajudar o aluno a tornar-se um escritor/falante
competente.Para que o aluno torne-se competente do ponto de vista lingüístico,
ele deve ser conhecedor da funcionalidade dos diversos gêneros textuais, para
que, reconhecendo as características de cada um, faça opção pelo gênero que
melhor se adeqüe à sua intenção comunicativa.Como foi dito anteriormente, o
aluno deve optar pelo gênero textual que assegure que a sua mensagem seja
compreendida de forma eficaz. Para isso, a escola deve ofertar a maior
variedade de gêneros textuais possível para seus alunos, destacando suas
características e favorecendo o aparecimento de situações reais ou fictícias
para a produção de textos.Quando falamos em situações fictícias, estamos
propondo que o professor, a partir de outros textos ou atividades, estimule o aluno
a produzir textos em situações que, para ele, façam sentido.Brandão e Leal
(2005, p. 40) defendem que: "[...] quanto maior o acesso e a exploração de
bons modelos escritos nos diferentes gêneros trabalhados em sala de aula,
maiores as chances das crianças se apropriarem da estrutura correspondente a
esses diversos gêneros textuais".Devemos proporcionar ao aluno
oportunidades múltiplas de escrever, para que exercite sua capacidade
comunicativa. Fiorin (2008, p. 18) citando Bakhtin, afirma que "[...] o enunciador,
para constituir um discurso, leva em conta o discurso de outrem, que está
presente no seu". Sendo assim, a capacidade comunicativa implica em
diálogo, em troca com o outro, em negociação.Bazerman (2006) afirma que a
escrita é uma forma de agência, pois ampliando seu repertório discursivo
estamos contribuindo para que passe a atuar de forma mais eficaz na vida em sociedade. Para
ele, a oferta de deferentes gêneros textuais pode "[...] ajudar a
introduzir os alunos em novos territórios discursivos, um pouco mais além dos
limites de seu habitat lingüístico atual" (p.31)Podemos então concluir
que, apesar da questão ortográfica ter sua importância no processo de produção
escrita, deve-se garantir ao aluno diversas possibilidades de leitura e escrita
para que se torne um usuário competente de sua língua, fazendo escolhas de
gêneros textuais adequados para a transmissão de suas mensagens e inserindo-o
assim, na vida social, de forma dialógica.
REFERÊNCIAS
- BAZERMAN, Charles. Org. por HOFFNAGEL, Judith Chambliss e
DIONÌSIO, Ângela Paiva. Gênero, Agência e Escrita. São Paulo: Cortez, 2006.
- BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi e LEAL, Telma Ferraz. Em busca
da construção de sentidos: o trabalho de leitura e produção de textos na
alfabetização. In: BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi e ROSA, Ester Calland de
Sousa. (Org). Leitura e
produção de textos na alfabetização. Belo
Horizonte: Autêntica, 2005.
- FIORIN, José Luiz. Introdução
ao pensamento de Baktin. São Paulo: Ática, 2008.
-MORAIS, Artur Gomes de. Ortografia:
ensinar e aprender. -4 ed.
-São Paulo: Ática, 2007.
- VAL, Maria da Graça Costa. Redação
e textualidade. -3.ed
São Paulo, Martins Fontes, 2006.
Autora׃Eliete
Marques da Silva Walteman
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